Olá, leitores. Tudo bem com vocês?

Essa semana eu estive pensando no quanto eu tenho lido mais graças ao blog e  fiquei feliz ao perceber que tenho conseguido contornar o efeito colateral de um curso que deveria me incentivar ainda mais como leitora mas acaba tirando completamente o meu tempo disponível para uma leitura por prazer, o que estava me deixando muito chateada, mas isso é assunto para outro post. Acontece que além de notar esse aumento no número de leituras concluídas percebi que, talvez por isso, deixei o Desafio Literário um pouco de lado, uma vez que o objetivo principal era nos fazer ler mais e diferentes coisas, o que - ainda bem - está acontecendo naturalmente ultimamente. Então, diante disso, resolvi unir o útil ao agradável e colocar o livro resenhado de hoje no item Um livro com menos de 150 páginas do desafio. 
E o livro de hoje é Distância de Resgate, da autora Samanta Schweblin, gentilmente cedido em parceria com o Catálogo Literário - Grupo Editorial Record.

Uma narrativa hipnótico, incômoda e fascinante. O campo se transformou diante de nossos olhos sem que ninguém percebesse. Talvez não se trate de estiagens ou de herbicidas – e sim do fio vital e afiado que nos prende a nossos filhos, e do veneno que lançamos sobre eles. Nada é clichê quando afinal acontece. Distância de resgate acompanha esta fatalidade vertiginosa fazendo sempre as mesmas perguntas: Existe por acaso algum apocalipse que não seja pessoal? Qual é o ponto exato em que, sem saber, damos o passo em falso que acaba nos condenando? Samanta Schweblin escreveu uma narrativa extraordinária e hipnótica, urgente e duradoura, que consegue nos manter inevitavelmente presos e mergulhados num universo ficcional perturbador.



O livro é todo narrado de uma maneira bastante diferente, uma espécie de narrativa que lembra bastante uma sessão de hipnose onde através do diálogo entre dois personagens - Amanda e David - a história vai se desenvolvendo. Um pouco adiante é que podemos perceber que o diálogo trata-se de uma forma de encontrar informações, fazendo com que Amanda possa entendê-las, a respeito do momento exato da "transformação" de uma pessoa que foi contaminada pelo que tudo indica serem agrotóxicos. Usei a expressão "tudo indica" por não saber se é realmente isso que acontece ou se tudo não se trata de uma contaminação mais, digamos, espiritual.

A conversa de Amanda e David gira em torno das lembranças desta a partir do momento em que, ao alugar uma casa de campo para passar as férias com a filha, Nina, e o marido, Amanda conhece a vizinha Carla, mãe de David.

"- Não sei se estou entendendo, Carla.
- Está sim, Amanda, está entendendo perfeitamente.
Quero dizer a Carla que tudo é uma grande barbaridade.
Essa é uma opinião sua. Isso não é importante.

É que não consigo acreditar numa história dessas, mas em que momento da história é apropriado alguém se indignar?"


Carla, mesmo sem muita intimidade, conta para Amanda uma história bizarra de como as crianças da pequena cidade são, em sua maioria, contaminadas e como livra seu filho David da morte por conta de um episódio semelhante. Amanda sem dar muita credibilidade, inicialmente, ignora a loucura que lhe é contada e só passa a se preocupar com isso após um episódio que envolve Nina e David, e é então que começa o terror (ou começa antes?!)

Agora vou contar a vocês o porquê de eu me recusar a contar mais da história: É o seguinte, o livro é daqueles tipos em que a gente vai descobrindo a história toda ao longo da leitura, não somos apresentados imediatamente aos fatos, por isso não quero estragar sua diversão caso decida lê-lo (e por favor, leia!). Além disso, qualquer informação/conclusão que eu fosse contando aqui estaria ligada diretamente ao desenvolvimento da história e tiraria um bocado da graça que é ler esse livro no escuro. Vou, por isso, tentar contar um pouquinho do que senti lendo o livro e te mostrar o motivo de ele ter a recomendação de ninguém menos do que Mario Vargas Llosa na capa.


Primeiro você está no escuro, não sabe quem narra ou de que jeito. Logo depois você se acostuma e tudo parece se encaminhar para fazer algum sentido mas um segundo plano é inserido na história, usando o mesmo tempo verbal que o primeiro; o que, provavelmente, fará você repetir o mesmo parágrafo algumas vezes. Você cria várias teorias na sua cabeça e elas também serão, certamente, desconstruídas em algum momento. Quase nenhuma certeza que você tinha no início permanece até o final e o mesmo acontece com o que você acha que sabe sobre cada personagem.


"[...] Estou ajoelhado na beira da sua cama, num dos quartos do pronto-socorro. Temos pouco tempo, e antes que  tempo acabe é preciso encontrar o ponto exato."



A escrita da Samanta é envolvente e a diagramação da obra ajuda muito fazendo você passar muitas páginas sem ao menos perceber. A imersão é profunda e, dependendo de onde você esteja lendo, é possível que você esqueça completamente o ambiente que te cerca. Você se vê buscando, assim como quem questiona, mais informações sobre a história sentindo o fio, que há entre a narrativa e você, se estreitar ainda mais em busca de respostas.

Como disse lá em cima para que sua experiência seja completa é bem mais interessante que você não saiba muito sobre a história então enxugarei minhas considerações em poucas palavras:  Escrita diferente, vários planos de narrativa e conflitos psicológicos extraordinários. O mistério das ligações entre mãe e filho conceituado no que a autora da o nome de distância de resgate; o perigo, o amor e a aceitação permeando incessantemente cada página escrita, assim é Distância de Resgate.




Preciso ainda te pedir desculpas, por melhor que sejam as minhas intenções em te convencer a ler esse livro, se você leu essa resenha toda, é bem possível que eu tenha estragado um pouco da experiência de ler esse livro no escuro. De qualquer sorte fica o meu pedido e recomendação pois, consciente ou não dos perigos, uma leitura maravilhosa aguarda você.


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Leiam ele e me ajudem a entender como existe vida antes de Distância de Resgate 
 


4 Comentários

  1. Como você fez isso? Não falou quase nada da história, mas fez meu interesse ir nas alturas! Nunca tinha ouvido falar de Distância de Resgate mas, uau, sua resenha tirou meu fôlego! Pretendo ler muito em breve!
    Gislaine | Paraíso da Leitura

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  2. Oi, Adriana. Eu ainda não conhecia esse livro, pelo menos não me lembro de ter visto em outros blogs. Achei a ideia dele bem legal, a forma como a historia se desenvolve. Fiquei curiosa
    Beijos
    Estilhaçando Livros
    Conheça o novo Cantar em Verso

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  3. Oi Adriana,
    Não conhecia esse livro e gostei da proposta. Parece mexer com psicológico, nos fazer questionar algumas coisas e gosto disso. E adorei essa capa, nossa.

    Eu to tentando bastante ler outras coisas, além das parcerias. Até to conseguindo. O Kindle ta me ajudando bastante.

    P.S.: te indiquei numa TAG: http://www.obsessionvalley.com/2016/05/tag-12-meses-na-estante.html

    bjs
    Nana.

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  4. Oiii!!

    Eu não conhecia esse livro e já ouvi falar sobre esse ~selo~ da Record. Eu ADORO as obras da editora e eu achei ótimo essa sua preocupação com os segredos da obra.
    Eu gosto de ler livros assim no escuro, então acho legal esse seu cuidado.
    Dica anotada!! Espero ter uma experiencia parecida com a sua!

    Beijinhos

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